terça-feira, 12 de agosto de 2008

O Rio Mira e Vila Nova de Milfontes

http://mirobrigaeoalentejo.blogspot.com



O rio nasce na Serra do Caldeirão (alt. 470m). Tem um curso de 145km, desaguando junto a Vila Nova de Milfontes.

Fundamental como veículo de transporte dos produtos agrícolas e mineiros da Serra do Cercal, rica em minério, e de Odemira, foi, desde o período romano, também utilizado com grande escoadouro.

Ainda hoje o Mira é navegével até quase trinta quilómetros da foz, podendo fazer-se parte deste percurso em barcos de carácter turístico, viagem que vale a pena levar a cabo em dias como hoje em que o Sol se escondeu.

Em Milfontes é conhecida ocupação deste a época Pré-histórica, motivo porque se denomina uma determinada tipologia de artefactos pré-históricos (do Epipaleolítico) como "machados mirenses", sendo conhecida ocupação neolítica, calcolítica, da Idade do bronze e do Ferro.

Nas margens do Mira são também conhecidos vestígios de ocupação romana, havendo na serra do Cercal sinais de mineração, pelo que o estuário e o respectivo porto já desempenhariam um papel fundamental.

Autores vários defendem que aqui, e não na povoação romana localizada junto a Santiago do Cacém, se situaria a Miróbriga citada por Plínio.

Para melhor conhecer a história de Vila Nova de Milfontes, que foi já foi considerada três vezes mentirosa, porque não era vila, nem nova, nem tinha mil fontes (mas apenas assim se denominava devido à existência de águas abundantes), vale a pena consultar a monografia de António Martins Quaresma «Vila Nova de Milfontes - História».

Vila Nova de Milfontes foi fundada em 1486, por D. João II, se bem que já existisse uma pequena população piscatória, "passando a ser conhecida pela sua actual designação alguns anos depois (...) o primeiro documento onde surge o nome completo de Vila Nova de Milfontes é carta de doação da dízima nova de pescado desta vila e da de Sines a Vasco da gama, datada de 10 de janeiro de 1500" (A.M.Q.).

O Forte foi edificado entre 1599 e 1602, tentando defender a povoação dos constantes ataques de corsários e piratas, tendo-se a vila desenvolvido gradualmente a partir dessa data.

As insígnias da Ordem de Santiago na Igreja Matriz provam que este território (veja-se Palmela, santiago do cacém, Colos, Cercal, Alvalade do Sado, entre tantos outros domínios do actual Alentejo) foi pertença da Ordem dos Espatários, a que tanto deve a formação de Portugal.

Pertence ao concelho de Odemira, onde são também conhecidos vestígios arqueológicos imemoriais, destacando-se os correspendentes à conhecida e ainda indecifrável escrita do Sudoeste, da Idade do Ferro.

Odemira, hoje capital concelhia (outrora o Cercal partilhou o mesmo "território administrativo"), foi conquistada por D. Afonso Henriques em 1166, teve foral outorgado por D. Afonso III, que foi renovado no tempo de D. Manuel.


(Agradeço a António Martins Quaresma o favor de me ter deixado consultar hoje um exemplar pessoal da monografia acima mencionada, uma vez que se encontra infelizmente esgotada).

sábado, 2 de agosto de 2008

Serpa: as minhas arquitecturas afectivas


  • Maria Luisa A Cobra da Quinta do Fidalgo

    Era uma Vez.... uma dama muito linda, fidalga, chamada Ana, que estava encantada e transfigurada em cobra, diferente das outras cobras por apresentar uma cabeça com farta cabeleira e uns olhos de fogo, muito vivos e brilh
    antes. Refugiava-se a Cobra junto de uma frondosa figueira ali, na Quinta do Fidalgo, à entrada da Vila. Esta Cobra aparecia na manhã de S. João, com um tesouro, muito rico de ouro e prata, para dar à pessoa que a desencantasse. Para se dar o desencanto a Cobra dizia: " Eu não engano ninguém e quem for corajoso que venha desencantar-me". Na verdade era precisa muita coragem para se desencantar a cobra da Quinta do Fidalgo, como aqui se conta. Primeiro era preciso gritar o nome da dama encantada: "Ana".
    Ao ouvir este nome a cobra transformava-se em touro que marrava a torto e a direito. Se o homem corajoso que chamasse pela dama "Ana" não mostrasse medo o touro transformava-se em Cão Preto. Se o homem continuasse a não manifestar receio o Cão Preto transfigurava-se em Cobra encantada que se aproximaria dele e se lhe enroscaria à cintura dando-lhe um beijo na face. Se o homem corajoso desse, então, sinais de medo ou repugnância a cobra mordê-lo-ia e o encanto continuaria. Se o homem valente não mostrasse qualquer temor dar-se-ia o desencanto, a cobra transformar-se-ia novamente na linda e nobre Senhora chamada Ana e o homem sem medo ficaria rico para toda a vida com o tesouro de ouro e prata.
    Esta é a lenda da Cobra da Quinta dos Fidalgos e há muitos anos que já se não fala nela. Ninguém sabe se apareceu o homem sem medo que tenha desencantado a dama chamada Ana.


















O reencontro.
O trabalho há que organizar.
No «Nora» pode-se ouvir música e dançar.




Diz a lenda que «a princesa Serpínia, que por desgosto de amor saiu da sua terra, se encantou com as formosas terras que seus belos olhos avistavam. (...) Perto corria o Ana. Por toda a parte se viam oliveiras, a garantir alimento, untura e luz na candeia». João Cabral, Arquivos de Sera, 1971.

As muralhas datam do século XIII, se bem que sejam conhecidos vestígios da Idade do Ferro, ocupação romana, visigótica e islâmica.
Foi conquistada por D. Afonso Henriques aos Mouros, em 1166.
Recebeu três cartas de foral (D. Afonso II, D. Dinis e D. Manuel, demonstrando como Serpa assumiu grande grande importância na idade Média e início da Época Moderna.
O rio e a fronteira tornaram-na uma cidade estratégica no controle militar e comercial.

O azeite, produzido daqueles penteados que as oliveiras fazem nos campos, o pão de Brinches e o queijo ... esse manjar que tem ganho prémios internacionais mas que, fundamentalmente, tanto bem nos faz ao paladar (e mal à linha ...), bem como o vinho são dos grandes patrimónios que Serpa tem e que vamos provar!
Mas ainda há os borregos cujas cabeças se passeiam, em Serpa, como noutros locais do Alentejo, em cima de bandejas (como se fossem a cabeça de S. João) e que dizem ser um pitéu dos céus.







O cante, sim, o cante .... nada direi ... apenas vou ouvir e chorar!