terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Sabia que uma cidade romana ...


Sabia que uma cidade romana ...

A cidade é um dos alicerces de um Império, que assenta, por um lado, na «normalização» que tenta imprimir às mais longínquas fundações, mas que se sustenta, por outro lado, à custa da diversidade local e da maximização das potencialidades regionais, faz-nos dimensionar a complexidade de questões que se levantam ao estudo da organização urbana em época de dominação romana (1).
A própria Romanização não consistiu num processo de aculturação único ou unidireccional, mas numa trama complexa de interacções entre grupos de agentes muito variados. Todo este complexo processo de interacções, a variedade e diversidade infindável de situações e as estruturas urbanas pré-existentes com que os Romanos se deparam na Hispânia fez «flutuar», numa primeira fase, os estatutos administrativos dos aglomerados urbanos, a definição dos seus «territórios», das ciuitates, a unidade territorial de dimensão variável, organizada em torno de um lugar-chave urbanizado, a cidade, segundo conceito utilizado por Le Roux, tratando-se, em primeiro lugar, de uma divisão territorial dotada de relativa autonomia e correspondente, nos limites do possível, a uma unidade étnica, segundo Pierre Gross e Torelli, tese esta questionável pois é sabido que uma mesma etnia pode ter muitas ciuitas, entendidas como um núcleo urbano e seu correspondente território.
Digamos, que o conceito engloba, portanto, o aglomerado urbano e o território sobre o qual exerce autoridade administrativa e o próprio conceito de cidadania.
A noção de urbanidade, de que já os Romanos fizeram um dos pilares «civilizadores», contempla não só o fenómeno citadino propriamente dito, mas também a ideia de centros polarizadores de unidades territoriais, administrativas, económicas e produtivas que geram e partilham da dinâmica da cidade e das permutas feitas entre esta e outros «lugares centrais».
À volta de um aglomerado central do ponto de vista político e económico, desenvolvem-se no território pertencente à ciuitas um conjunto de actividades económicas de características fundamentalmente rústicas, pois nelas assenta maioritariamente a estrutura do Império que, gradualmente se vai tornando mais comercial.
A relação entre estes «centros» e as suas «capitais» e entre eles e os seus «territórios» fornecedores dos produtos indispensáveis para a manutenção dos aglomerados urbanos não é, por seu lado, estanque ou fixa no tempo, dependendo das relações de dominação militar e política que se estabelecem entre vencidos e vencedores, ou da permeabilidade que se consegue com as pré-existências culturais e económicas.

Não obstante, a cidade foi, como continua a ser, o local onde se organizam modelos, onde se apreende o sistema de símbolos comuns que participam de uma determinada cultura dominante, pese a capacidade de nela serem ou não integrados, ou miscigenados, valores de outras que lhe são «alheios».
A urbs foi, embora se tenha que atender ao amplo processo de adaptação entre conquistadores e conquistados, o veículo e o suporte da ordem romana dominante e do império: «um poder ecuménico cimentado em cidades e estas num corpo social hierarquizado, em cujo seio a elite perpetuava a ordem tradicional. .... Se para os gregos ... não existia fora da polis espaço para a liberdade, também o sentido romano de libertas era impossível fora de uma colónia ou um município. A romanização jurídica substituía, portanto, no plano ideal o “homem bárbaro” pelo “cidadão”», utilizando as palavras de Abascal e Espinosa, e, 1989: 45, como se poderá confirmar na bibliografia específica deste tema.
A criação de núcleos urbanos foi, pois, um dos veículos usados para a penetração e difusão da Romanidade, favorecida pelas elites locais, que procuravam a todo o custo manter a sua situação privilegiada, garantida ou mesmo beneficiada à medida que a municipalização desses núcleos se vai alargando. Fot. 1.
É, pois, nesta relação territorial que se afirma o poder da urbs; e é nessa articulação que se enforma o conceito de ciuitas.
De uma cidade, podemos, em traços largos, dizer que se conforma dos seus edifícios públicos que no Forum, o centro cívico da cidade, têm a sua maior concentração, pois é aí que se localizam os espaços administrativos e lugares de decisão, os templos, as basílicas judiciais e em redor do qual, ou nas proximidades, se localiza geralmente uma zona comercial com o seu macellum. Obviamente, e tal como anteriormente referimos, também a estruturação do Forum se altera ao longo do tempo, salientando-se, que o período imperial assiste a um ensimesmamento do mesmo que se passa a fechar mais, pois os templos dedicados ao culto imperial também exigem essa centralidade.
Mais do que em qualquer outro lugar do Império, no Ocidente, onde a arquitectura urbana se afirma tardiamente, o forum «representa o local no qual se concentram todos os símbolos da dignidade municipal, os edifícios administrativos e religiosos que definem a paisagem urbana e no qual as gerações que se sucedem, qualquer que seja o estatuto da cidade, adquirem a consciência de pertencer a uma comunidade». Os seus monumentos são a «verdadeira memória da cidade ... da sua autonomia, e das suas relações com o poder central» , utilizando as palavras de Pierre Gros.
Em termos gerais, o modelo básico de fora construídos na Hispânia, em período imperial, é caracterizado pela combinação de três elementos fundamentais: templo, praça e basílica e ainda a Cúria, edifício destinado a sede oficial do Senado do Município ou da cidade que, gradualmente, vai perdendo a sua importância.
Mas a cidade é também feita da sua estrutura viária que a organiza, quer os espaços privados e domésticos, os seus bairros ou insulae, os quarteirões de prédios que podem ter vários pisos; das suas habitações ou domus, as casas abastadas; dos seus edifícios termais ou dos balneários, garante da higiene e saúde públicas; dos seus templos ou mercados; das suas estruturas hidráulicas, garantindo o fornecimento e escoamento de águas; dos seus aquedutos, poços e cisternas; das suas actividades artesanais ou industriais, das suas olarias, instalações metalúrgicas, geralmente periféricas, ou piscatórias; das suas zonas comerciais, e ainda dos lugares de espectáculo através dos quais Roma se impõe também nos seus mais longínquos territórios, fossem eles os teatros, anfiteatros ou circos.
Dotadas ou não de muralhas ou portas, de plantas hipodâmicas que denunciam fundações de raiz ou precedidas de acampamentos romanos, ou de malhas urbanas menos recticuladas, adaptando-se a topografias ou a fundações de épocas anteriores que inviabilizam o modelo ideal ortogonal, as cidades são, sem dúvida os grandes alicerces do Império Romano e o símbolo de um sistema organizativo religioso, social e político. Falar de Cidade, é pois, falar de uma vida intensa que, em Roma, a capital, fez concentrar tanta gente e tantas actividades que fez surgir a necessidade de criar corpos de bombeiros e legislação adequada ao tráfego de veículos de transporte de mercadorias e que, em escala maior ou menor, as capitais do império quiseram mimetizar.
No que respeita ao Ocidente da Península Ibérica, Roma elege três cidades onde centraliza a estruturação da sua nova realidade político Administrativa: Pax Iulia (Beja), uma colónia de cidadãos romanos; Liberalitas Iulia Ebora (Évora), uma cidade de direito latino, e Felicitas Iulia Olisipo (Lisboa), com estatuto de município, todas com o epítetos que evocavam César e as virtudes “júlias”, utilizando as palavras de Carlos Fabião (2006) - ver bibliografia disponível no link abaixo mencionado.
Mas a criação da Lusitânia, provalvelmente em 16 ou 15 a.C. com a capital em Augusta Emerita (actual Mérida), fundada como colonia em 25 a.C. e a divisão em novas circunscrições administrativas, os conventus, vem originar a criação de novas capitais: Augusta Emerita; Pax Iulia e Scallabis (Santarém), as três com estatuto colonial, que, por sua vez, vem originar a proliferação de núcleos urbanos de menor escala que estruturaram o território.
Mas sobre essa temática das cidades da Lusitãnia, deixaremos a quem tanto ao tema se tem dedicado …


Para a Bibliografia específica sobre cidades, ver:http://www.portugalromano.com/2011/01/mirobriga-e-as-cidades-romanas-bibliografia-por-filomena-barata/

(1) Este artigo baseia-se parcialmente na introdução da tese de mestrado da signatária, disponível em:http://independent.academia.edu/FilomenaBarata/Papers/833828/Mirobriga_Arquitectura_e_Urbanismo
 — em Beja

Arco romano de Pax Iulia (Beja).

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Setúbal na Rede, Lembrando a Arqueologia


Maria Filomena Barata
Liga de Amigos de Miróbriga
Estando Caetobriga (Setúbal), a que já tantas vezes aqui nos referimos, incluída na Província romana da Lusitânia, não poderei deixar de registar os encontros que, e boa hora, se estão a desenrolar no Museu Nacional de Arqueologia.
Inserida no programa “Extremadura es Cultura” decorreram já nesse Museu três conferências, sendo a primeira delas, submetida ao tema "Lusitânia romana: um projecto de Portugal e Espanha". O tema foi apresentado por Trinidad Nogales Basarrete, Conselheira de Educação e Cultura do Governo da Extremadura, e António Carvalho, Director do Museu Nacional de Arqueologia de Lisboa.
Interessante foi tomar conhecimento dos vários projectos de âmbito cultural já corporizados através de candidaturas financiadas pelo Quadro Comunitário, designadamente o INTERREG, e, principalmente, ver apontadas novas linhas de trabalho que se prevê venham a ser desenvolvidas em parceria, designadamente encontros sobre as cidades da Lusitânia e a eventual criação de itinerários entre as mesmas.
Lembramos que, em 2014, se comemora os 2.000 anos da morte de Augusto, esse imperador que pôs fim à guerra, originando a que foi conhecida por Pax Augusta.
Responsável por uma grande reforma administrativa, Augusto criou novas províncias na Iberia, tendo aparecido a Lusitânia, com capital em Mérida.
Citando Amilcar Guerra, “deve, em primeiro lugar, ter-se sempre presente que o termo Lusitani é uma criação romana e que a ideia de um território chamado Lusitania nunca chegou a consolidar-se antes da criação tardia de uma província romana comesse nome».
Data também do seu reinado a subdivisão em conventus, sendo o que abrangia uma vasta área do sul do território actualmente português o Conventus Pacensis, com capital em Pax Iulia (Beja), cuja designação fazia juz à Paz de Augusto. e a criação de outras importantes cidades da Lusitânia e outras províncias.
Assim, pese ser bem pequena a minha crónica de hoje, não posso deixar de referir que também a Associação Portugal Romano deseja juntar-se a essa efeméride através da edição de uma revista, em 2014, dedicada à obra de Augusto e vejo com algum optimismo que as realizações culturais ainda estão na agenda, salientando ainda a importância da conferência do Doutor Carlos Tavares da Silva, dedicada a Caetobriga, no próximo dia 16 de Novembro, na Casa da Cultura (Setúbal), pelas 21h 30m.
Crónica de Novembro de 2013, Setúbal na Rede.
Na fotografia: Pulseira proveniente de Miróbriga, Museu Municipal de Santiago do Cacém.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Sabia que Santiago do Cacém muito sofreu com o Terremoto? (reed. de 13 de Agosto 2012)




Acima: No Museu Municipal de Santiago do Cacém. Homenagem a Dr. Cruz e Silva, fundador do Museu
                                                                                                Abaixo: Com António Chinita, GTL. 1992
.....


Ao Gentil Cesário, porque não posso ir ao lançamento do seu livro.
Ao José Matias que tanto me ensinou sobre Santiago do Cacém.
Ao António Chinita que melhor quis conhecer a cidade, enquanto coordenador do seu GTL.
Ao António Bairinhas que tão bem a fotografou.
Ao José Carlos Quaresma e Isabel Inácio pelo seu contributo no estudo que dedicámos à cidade e seu território, parte dele no âmbito do Programa Cultura 2000.
Hoje a todos eles, porque estando febril não os posso visitar, pese tantas serem as saudades!
















Santiago do Cacém tem sido, desde longa data, objecto de inúmeros estudos locais e de trabalhos científicos sistematizados.

A obra de Bernardo Falcão, no século XVIII, e o levantamento feito pelo padre António de Macedo e Silva, no século passado, são exemplos paradigmáticos da historiografia local, indispensáveis a qualquer tentativa de abordagem histórica.
As pesquisas arqueológicas que incentivou Frei Manuel do Cenáculo Vilas Boas, no inic¡o do século passado, e as de Cruz e Silva, na década de 50 na centúria passada, e ainda as de

D. Fernando de Almeida, nos anos 70, são também exemplos da investigação que tem tido por objecto esta zona.
O guia toponímico de António Jacinto de Vilhena, de 1938, e fundamentalmente, o livro editado sobre a Toponímia das Ruas de Santiago do Cacém do professor Manuel João da Silva e uma mais recente monografia dedicada à cidade são os principais trabalhos nesse domínio.
Os estudos de João Madeira, Sérgio Bento e Maria Ascenção Beja dos Reis, editados nos Anais da Real Sociedade Arqueológica Lusitana e noutras publicações da especialidade, ou ainda não editados, são representativos da continuidade que a investigação tem tido em Santiago do Cacém, bem como os estudos de José Matias e o que agora editado de Gentil Cesário.

Mas se bem que muita documentação exista sobre a história deste aglomerado, podemos afirmar que ainda há muitas lacunas ao nível da compreensão histórica, fundamentalmente no que diz respeito aos primórdios do núcleo urbano. Para um melhor conhecimento dos per¡odos de ocupação menos conhecidos haveria que incrementar trabalhos arqueológicos no concelho que, recentemente, têm tido apenas intervenções pontuais.


                         O primeiro automóvel - Panhard Levassor - Conde Avilez (Santiago do Cacém) 1895


II - CARACTERÍSTICAS GEO-MORFOLÓGICAS

Santiago do Cacém fica situada no limite de uma faixa acidentada que se desenvolve a Este, constitu¡da pelos contrafortes da Serra de Grândola e do Cercal, de que Santiago se pode considerar a retaguarda.

A altímetria de Santiago varia entre 254m acima do n¡vel do mar, que corresponde ao ponto mais alto da colina onde está implantado o castelo, e os 200m, nas zonas mais baixas, que correspondem aos acessos viários entre o Cercal do Alentejo e Santiago.

A colina da Sra. do Monte, muito possivelmente um dos focos de crescimento urbano a partir do século XVI aproxima-se dos 224m.


A zona do Forum romano de Miróbriga situa-se, curiosamente, a uma cota altimétrica de aproximadamente 246m, numa situação geo-estratégica dominante, muito semelhante à que ocupará, mais tarde, o castelo.

Podemos concluir que existe aqui uma ocupação de "crista" e uma penetração de vale.

A oeste, uma faixa arenosa e plana estende-se praticamente até ao mar. Uma série de lagunas fazem o contacto entre a terra e o oceano, fertilizando as zonas mais interiores.

Não são bem conhecidas nesta zona as modificações das linhas da costa que deverão ter contribuído para alterações nas formações lagunares.

A cartografia desta zona representa, desde o século XVI, uma lagoa, denominada comummente como "da Pera" que se desenvolveria até Santiago do Cacém. Trata-se, muito provavelmente, de um erro de representação cartográfica, uma vez que ela era feita, na maioria dos casos, e até ao século XIX, por repetição de mapas anteriores, sem devida batida de campo.

No entanto, admitimos a exitência de uma lagoa que melhor favorecesse a relação entre o mar e as zonas mais interiores.


2 - RESUMO HISTÓRICO


São conhecidos vest¡gios de ocupação humana no território de Santiago desde o Paleol¡tico. Contudo, os mais marcantes, porque devem ter tido um importante papel como ordenadores do território, são os da cidade de romana adjacente a Santiago do Cacém.

Miróbriga, importante urbe latina, desenvolveu-se assim numa das colinas fronteiras a Santiago do Cacém, denotando a preocupação geo-estratégica dos seus fundadores proto-históricos.
A dominação romana evidencia a estruturação do território, quer sob o ponto de vista pol¡tico-religioso e administrativo, quer comercial. Os eixos de comunicação estabilizam-se com a romanização e, embora não sejam conhecidos vest¡gios de estradas vicinais, a teia de relações entre Miróbriga e Sines (muito provavelmente o porto que servia esta cidade) a Oeste, entre Salacia e Caetobriga e Tróia, a Norte, e entre Miróbriga e o interior deve ter-se afirmado.
A ponte do Cacém, possivelmente constru¡da no século XVI, deve sobrepôr-se a um caminho anterior que ligaria a Sines. Não se conseguiu detectar, no entanto, na construção desta ponte indíc¡os da sua origem romana.
Uma outra estrada uniria Miróbriga a Beja, passando pela zona de Aljustrel (centro mineiro) e, talvez, por Alvalade do Sado ( onde existem vest¡gios de antigas Villae e que deveria ser um grande centro de fornecimento de produtos agr¡colas na região). Para Sul, muito provavelmente se faria a ligação através do Cercal (onde, embora desconhecidos testemunhos de mineração romana, deveria certamente ter havido importante exploração que, na actualidade, mantém o seu vigor) em direcção a Vila Nove de Milfontes. A cartografia que consultámos demonstra estas ligações, ao longo de séculos (o mapa mais antigo que encontrámos data do século XVI).

Segundo Estrabão, as cidades romanas mais importantes do Sul são as que se situam junto dos rios, canais ou do mar, sendo o comércio o grande responsável pelo desenvolvimento do urbanismo.
Miróbriga, situada num cruzamento de eixos onde se interligam várias actividades extractivas e provida, como já anteriormente dissémos, de uma favorável posição geo-estratégica, deve ter-lhe devido o seu crescimento. O rio Sado, relativamente próximo, e o mar eram os ve¡culos de transporte dos bens e das gentes.
Continuam sem ser bem conhecidos o per¡odo de domínio "bárbaro" (visigótico?) e muçulmano, podendo afirmar-se o mesmo em relação aos primórdios da Reconquista Cristã.
Nos arredores de Santiago, apareceram vest¡gios arqueológicos, mais especificamente dois sarcófagos, que indiciam uma população de primitivos cristãos, mas desconhecem-se os povoados que lhes corresponderiam.
O aglomerado urbano foi, nesse per¡odo, esvaziado do seu poder centralizador, dada a fragmentação do Estado romano e do poder, que passa a depender dos grandes proprietários e dos chefes militares."A relação jurídica entre o pólo urbanizado da cidade e o territ¢rio envolvente do seu distrito começam a quebrar-se", utilizando as palavras de Carlos Alberto Ferreira de Almeida.

Muito possivelmente no per¡odo islâmico, a ocupação humana transferiu-se para a colina do castelo.
D. Fernando de Almeida, arqueólogo responsável por algumas campanhas de escavação em Miróbriga, adiantava a hipótese de a¡ ter existido um castellum romano no qual assentaria o castelo. Não existem, no entanto, até à presente data, quaisquer documentos ou dados arqueológicos seguros que o possam assegurar. As escavações arqueológicas dirigidas por Sérgio Bento na tulha do castelo deram alguns materiais que foram classificados como árabes, se bem que numa reduzid¡ssima quantidade.
No "termo" de Santiago a toponímia e o vocabulário, fundamentalmente o ligado às actividades agrícolas que, no passado, como hoje, definiram o carácter económico da região, atestam marcante influência muçulmana.

É sabido que "com a organização do estado cordovês, islâmico, sob os emires, o território português fica dividido, a sul do Tejo, em duas Koras, ditas de Beja e de Ossónoba.
A existência de um governador à cabeça de um território, dotado de um corpo militar, cria a necessidade de um castelo-alcáçova que garanta a segurança. Santiago do Cacém pode ter assumido o controle de um determinado território, mas como já foi referido, nada nos permite afirmá -lo convictamente.

Não obstante, é muito comum na orla do Mediterrâneo, sobretudo no mundo muçulmano, que "os novos detentores do poder (se fixem) nas mesmas cidades do que os romanos, embora com algumas transferências de lugar, e mantêm, portanto o vigor da civilização urbana. O mundo árabe não n¢mada adopta a fixação espacial do poder em centros urbanos e, consequentemente, assegura a continuação das cidades.
Já não acontece assim com o mundo feudal. O poder político fragmenta-se. As funções estatais caem nas mãos dos senhores privados leigos ou religiosos.(...) As cidades só voltam, e, ainda assim lentamente, a recuperar o seu dom¡nio sobre os seus termos, quando nela se fixam, de novo, os princípes e reis, quer façam a¡ a sua residência permanente ou temporária, quer a¡ se apoiem em delegados seus para governarem territórios mais vastos, quer o fa‡am directamente. Ou então, quando os senhores feudais, leigos ou eclesiásticos, acabam por dominar territórios mais vastos , e se tornam assim de recursos sufucientes para concentrarem o poder pol¡tico num ponto, atraindo, então, mesteirais e mercadores (José Mattoso in Cidades e História).

Os primórdios da Reconquista Cristã são também mal conhecidos. Dada a posição geográfica que tem este s¡tio e dados os avanços e recuos dos cristãos no termo de Álcacer, a data da tomada de posse deste território pelos cavaleiros cristãos deve situar-se entre 1218 (quando se reconquistou Alcacer) e 1234, quando é tomada Aljustrel.
Esta zona deveria, então, passado para a mão dos Espatários que, no interior da fortaleza, deveriam albergar alguns elementos da Ordem.

No entanto, para um estudo pormenorizado da Reconquista haveria que conhecer melhor a geo-estratégia utilizada pelos Cristãos e as relações pol¡tico-diplomáticas entre árabes e soldados de Cristo e ainda a autonomia das Ordens Religiosas. Este estudo está nesta área ainda por fazer.
A Reconquista deve, no entanto, ter-se feito ao longo dos vales, penetrando em territ¢rios controlados por praças eminentemente defensivas e que ocupavam terras férteis e economicamente desejadas.
Só as Ordens Religiosas estão capacitadas, dada a sua organização, a responder às necessidades da Reconquista; só elas podem assegurar, nessa época, os recrutamentos e treinos militares sistem ticos, colectar e investir as rendas, angariar povoadores e reconstruir núcleos devastados. A Ordem de Santiago, a mais poderosa a Sul do Tejo e que possui a mais vasta extensão de terras, controla as pricipais povoações e portos, acumula privilégios fiscais, o que contribuir para que se torne autónoma em relação a Castela em finais do século XIII.

Datam do reinado de D. Dinis os primeiros documentos conhecidos sobre privilégios dados a este lugar, que obteve com D. Manuel a confirmação do seu foral.


4 - A FUNDAÇÃO DE SANTIAGO E A EVOLUÇÃO URBANÍSTICA
PERÍODO MEDIEVAL

Em Portugal, a criação de meios urbanos capazes de colonizar as terras conquistadas aos muçulmanos, atraindo colonos com benef¡cios e foros especiais, permitiu o desenvolvimento concelhio, fundamentalmente a partir de D. Afonso III. " No que toca à legislação, o direito municipal estava praticamente terminado com Afonso III" (4 - O Espaço Medieval da Reconquista no Sudoeste da Pen¡nsula Ibérica, p. 19).

O surto económico dos aglomerados urbanos, a partir do século XIII, e a dinâmica dos seus burgueses com o apoio da iniciativa régia, irão dar às cidades um novo papel, muito relevante, na administração regional, tornando-as cabeça de territ¢rios, mais ou menos extensos. Toda a cidade procura ter um "termo", sobre o qual tem direitos judiciais ou outros, tais como o de impor - sempre com a autorização régia, mas de algum modo ainda "senhorialmente" - tributos para as suas obras "públicas", sejam muralhas, calçadas ou novos arruamentos"((5 - Carlos Alberto Ferreira de Almeida in As Cidades e a História, p. 137).
A partir do século XII, concorre, com ela (cidade), a palavra "vila", com sentido novo, de aglomerado cercado, urbanizado, não episcopal.(...) "Fazer vila" significava, nesse tempo, cercar uma povoação com uma obra defensiva" (6 idem, ibidem, p.138)

Em carta de 1285, D. Dinis confirma "ao concelho de Santiago do Cacem" os seus "foros escritos, e seus usos e seus custumes boons, assim como ouveram em tempo de meu padre, e de meus avoos. ( 7 -ANTT, Gaveta 14, Maço 8, Documento 9).
Em chancelaria de D. Afonso IV , este monarca refere-se a um montado da "dita vila de Samtiaguo de seu termo" (8 - ANTT, Livro de Guadiana, Folha 50 verso). Em 1363, o mesmo rei confirma os privilégios da "vila" de Santiago (9 - ANTT, Gaveta 14, Maço 3, Documento 18), acontecendo o mesmo no reinado de D. Fernando:" D. Fernando pela Graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves a quantos esta carta virem fa‡o saber que eu querendo fazer graça e mercê ao concelho, e homens bons de Santiago do Cacém outorgo-lhes e confirmo todas as honras e privilégios e liberdades que lhes foram dados e outorgados pelos reis que antes de mim foram, e todos seus bens foros, e usos e costumes que sempre houveram, e mando que os hajam, e usem deles pela quiza que as houverem, e usaram até à morte de El-Rei meu pai a quem Deus perdoe (...) (10 - ANTT Gaveta 14, Maço 3, Documento 28).

Fernão Lopes, na Crónica de D. João I, refere esta vila como um dos "logares que teveram voz por Portugall", confirmando, deste modo o partido que Santiago tomou pela causa do mestre de Avis.


A muralha ou cerca, característica da cidade medieval, define a fronteira entre a vida urbana e a rural , marca a dominação estratégica de um território, veda um espaço, controla as entradas e a cobrança de portagens e dá ao aglomerado um prestígio maior.
No sudoeste peninsular, muitos núcleos urbanos assumem um recúo em relação ao litoral, e possuem, muitas vezes, um canal fluvial de ligação à costa, condições que criam o controlo de uma bacia mais ou menos vasta.

A partir do século XIII, o movimento comercial marítimo aumenta, provocado pela expansão demográfica e urbana e pelo melhoramento dos meios de transporte, principalmente os mar¡timos. Os núcleos populacionais situados perto do mar reflectem, portanto, essa expansão, que se manifesta através do aparecimento de novos bairros burgueses que crescem, em muitos casos, fora das muralhas. Nestes novos burgos com arruamentos artesanalmente e especializados, como a Rua dos Açougues, Rua dos Couros, Rua da Sapataria, da Ferraria, etc."( 9 - p.140), passa a haver uma nova dinâmica urbana e uma população que tende a aumentar, organizando-se em confrarias, corporações, vizinhanças."É, tendencialmente, junto destes mesteres e nestes novos burgos que, por todos os motivos, até institucionais, se começam a estabelecer as novas ordens mendicantes, os franciscanos e os dominicanos" (...) Este tipo de expansão da cidade, fazendo-se na direcção dos principais acessos, e servindo as diferentes direcções, deu azo a um urbanismo tendencialmente radioconcentrico, tão t¡pico da Idade Média(10 - idem, ibidem, p.140).

O castelo de Santiago, de fundação templária, passou às mãos da Ordem de Santiago em 1186.


Em Santiago do Cacém, as ruas escorrem pelo declive da colina, não acontecendo o desenvolvimento radioconcentrico comum às cidades medievais, mas um crescimento mais radial.
A topografia, as condições climatéricas e estratégicas definem, deste modo, um outro modelo urban¡stico: bem abrigada dos ventos marítimos, a povoação vai crescer usando apenas a vertente nordeste da colina, protegida pela fortificação que a encima. O castelo e a igreja funcionam como o poder atractivo dessas vielas, onde se vão definindo especializações profissionais e que, gradualmente, se vão interligando entre si.

A toponímia de Santiago é clara quando atribui a ruas antigas os nomes de Rua dos Mercadores, Rua do Açougue.

A Rua da Carreira deve, possivelmente, o seu nome ao facto de ser a¡ a principal via de acesso à vila, do lado poente, para quem vinha de Sines, Relvas Verdes, Valverde .

Na sequência de uma troca havida entre a Ordem de Santiago, em 1314, parece ter-se fixado na vila D. Bataça, que herdara grandes dom¡nios por morte de D. Dinis. José António Falcão atribui à fixação da sua corte senhorial no paço do castelo e de mercadores, como Estevão Anes e sua fam¡lia, que, por esse motivo, a¡ se instalaram, o grande incremento urbano que se sentiu nessa época. O mesmo autor afirma ter-se devido a D. Bataça a edificação de um hospital-hospício, sob a invocação do Espírito Santo e a reconstrução da Igreja Matriz.
A povoação terá regressado ao controle da Ordem de Santiago após a morte de tão poderosa donatária, em 1336.

Em 1477, a vila ‚ doada ao comendador Pero Pantoja pela Ordem de Santiago.

O novo poder municipal parece ter-se sediado, em Santiago do Cacém, num dos pólos extra-muralhas - O Campo de Santa Maria, hoje denominado Largo do Conde do Bracial, onde se vão edificar os Paços do Concelho, O Hospital do Espírito Santo e a Misericórdia, com a respectiva igreja, onde se encontra um belo portal manuelino.


Assim, pode dizer-se que a partir de meados do século XV se encontrava formado o núcleo essencial da localidade, estruturado ao longo de cinco pólos de dinamização urbana: O Rossio, isto é, o Campo de Santa Maria, que coincide sensivelmente com a actual Praça do Conde do Bracial, a Carreira - Rua dos Condes de Avilez -, as ruas Direita - Dr. Francisco Beja da Costa -, Quente - Fonseca Achaiolli - e dos mercadores - Padre António de Macedo.
Símbolo do poder municipal por excelência, o pelourinho actual foi reconstruído em 1845, substituindo o antigo, muito degradado, datado do século XVIII, que havia sido construído com uma coluna proveniente de Miróbriga.
O pelourinho original, muito possivelmente da época dos Forais Novos de D. manuel, havia sido destruído com o terramoto de 1755. Localiza-se, portanto, nessa praça denominada Conde do Bracial, onde também funcionavam as Casas da Câmara e onde se instalarão também, mais tarde, palácios da nova nobreza oitocentista.


Maria José Ferro cita a existência de uma judiaria em Santiago do Cacém, atestada pelo topónimo da Rua da Judiaria - actual Travessa da Central Eléctrica.

O século XIX e o acelerado crescimento urbano que o assiste vão originar grandes alterações urbanísticas, tendo sido construído o Antigo Passeio Público, aberto em 1840. Em inícios do século XX, possuía coreto e foi local de convívio até 1920.

O Passeio Público conhecido por "Passeio das Romeirinhas" circunda toda a meia encosta da colina do castelo, sendo um miradouro da área envolvente, até ao mar, de eleição.


Mas a merecer nota são ainda em Santiago do Cacém os seus chafarizes, os moinhos e pequenas ermidas que, como atalaias ocupam as zonas de crista, para não falar dos belos exemplares que, no século XX, a arquitectura modernista conseguiu construir na cidade.









Sintetizando, poderíamos referir como grandes marcos da evolução urbana:


•OCUPAÇÃO ISLÂMICA – ÁREA DO ACTUAL CASTELO
•CONQUISTA CRISTÃ – ORDEM DE SANTIAGO DE ESPADA E REINADO DE D. DINIS (FORAL, DOAÇÃO A D. VATAÇA, MUNICÍPIO)
•SÉCULO XVI – INCREMENTO EM SERVIÇOS PÚBLICOS (MISERICÓRDIA, ENRIQUECIMENTO DOS EDIFÍCIOS EXISTENTES)
•TERRAMOTO DE 1755 – DESTRUÍÇÃO E RECONSTRUÇÃO DA VILA
•SÉCULO XIX – FONTISMO – (EXTINÇÃO DAS ORDENS MILITARES – CRIAÇÃO DE UMA BURGUESIA RICA, E CRESCIMENTO URBANISTICO)
•IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA – REMODELAÇÃO DE ESPAÇOS RELIGIOSO





Fotografias a cores: António Bairinhas
Fotografias a preto e branco: Autor desconhecido (meados do século XX) e Revista Panorama, 1843.



Cartografia: Serviços de Engenharia Militar do Exército.


Nas duas primeiras gravuras, publicadas nos Annais do Município de Santiago do Cacém, em 1866 representando o mesmo pano de muralha do castelo (Este).
À esquerda representa o que se imaginava ser o castelo na sua fase inicial – século XIII.


A gravura da direita representa o castelo, em avançado estado de ruína em 1850, onde se destaca a presença da Igreja Matriz já com a sua fachada em estilo barroco tardio.

Sobre os efeitos do Terramoto, recomendo a leitura da obra de Gentil Cesário:


sexta-feira, 24 de maio de 2013

[Setúbal na Rede] - Patrimónios de Maio

[Setúbal na Rede] - Patrimónios de Maio


Filomena Barata
Liga de Amigos de Miróbriga

Patrimónios de Maio





Á Tita, ao Carlos e à Joana, todos do mês de Maio

Está quase Maio a findar. Esse mês que dizem ser das rosas e de tantas flores mais.
Recordo Miróbriga, Santiago do Cacém, e os visitantes que ali se deslocavam durante este mês de propósito para ver as colinas da cidade romana, repentinamente cobertas de um vermelho dançante das papoilas que a invadiam.
Maio é também o mês dessas flores que eram atributo de Hipno, a personificação do sono, da sonolência e irmão gémeo da morte a que Romanos fizeram equivaler a Somnus.
Segundo o escritor Ovídio, poeta latino dos séculos I a.C – I d.C. (43 a.C. - 17 ou 18 d.C.), autor de uma vasta obra, mas de que destaco o poema mitológico Metaformoses, o deus Mercúrio carregou os sonhos de Morfeu do Vale dos de Somnus aos seres humanos dormentes.  Já muitas centúrias antes, Hesíodo, no século VIII, também ele poeta, dizia que a divindade era filho sem pai de Nix (Νύξ, "noite"), a escuridão, Géia, a deusa das Trevas Primordiais ou da Terra no momento da criação. Teve Somnus muitos irmãos, entre os quais o mais importante é seu irmão gémeo Thanatos (Θάνατος, "morte"), a personificação da morte.
Mas a papoila bailante dos nossos campos aparece também associada a Deméter, a deusa da fertilidade e do trigo, considerado símbolo da Civilização, enquanto capacidade dos humanos moldarem a Natureza e das Estações do ano. A papoila era, sem dúvida, a sua flor. 

Teve Deméter uma filha do seu irmão Zeus chamada Perséfone que vivia meio ano nas profundezas da Terra e outra metade vinha ajudar a sua mãe. Com o seu regresso inaugurava-se a Primavera, marcado pelo Equinócio da Primavera.

Mas regressando a Miróbriga, embora lá não tendo podido ir este ano, foi um dos locais que recomendei para visita neste mês de Maio, vencidos alguns temores que a Pandemia nos deixou.

Ao tema dos Museus não me prenderei muito, pese ter-me dado o destino de nele nascer, mas saliento a sua reabertura ao público, este ano de 2020, após longo período de confinamento.
Recordo, contudo, que Maias constituem um ciclo de festivais que, em Roma, se relacionavam com o despertar da natureza, lembrando antiquíssimos cultos agrários.
Para os gregos, Maia era a mais velha das Plêiades, uma das sete filhas de Atlas e que, unida a Zeus, foi mãe de Hermes, o mensageiro dos deuses, conhecido por Mercúrio entre os romanos, ancestralmente considerado uma divindade agrária e da pastorícia.
Já na mitologia romana, Maia surge-nos como uma antiga divindade itálica, filha de Fauno e esposa de Vulcano, o deus romano do fogo (Hefesto na mitologia grega). Era designada de Maia Maiestas e também de Fauna ou Bona Dea (deusa das Deusas).  Maiestas personifica o despertar da natureza na primavera.
Deusa da primavera, Maia deu nome ao mês de Maio, que lhe era consagrado. No primeiro dia de maio, o flâmine de Vulcano sacrificava-lhe uma porca grávida. Era essencialmente venerada por mulheres, sendo os homens excluídos do perímetro sagrado dos seus templos. Embora não estando relacionadas originalmente, as duas divindades de origem grega e romana acabaram por ser identificadas uma com a outra. Muito provavelmente associando-se remotamente a esses rituais de sagração da primavera, provém o hábito de pendurar giestas às portas e janelas, nos portões, cancelas, carros de lavoura e até nos próprios animais, em muitas localidades portuguesas, afastando o “burro”, igualmente chamado em algumas zonas o “carrapato”, ou seja, o mau agouro que possa ser nefasto para as colheitas, no início do mês de maio. E as Maias, meninas vestidas de branco e coroadas de flores, ou as “marafonas”, as bonecas de pano ou de palha vão sentar-se à porta de casa, na esquina da rua ou na praceta, pedindo “um tostãozinho para a Maia”. Regiões há onde se enfeitam ruas e edifícios com coroas de flores de giestas, chamadas maia ou maio. Ainda hoje as Mais se podem considerar um dos rituais mais expressivos do ponto de vista da história religiosa antiga, que permaneceu, segundo alguns estudiosos, sem grandes alterações desde o século V, e que se exprime, com variantes, em vários pontos do País, celebrando, tal como acontecia na Roma Antiga, o despertar da natureza e a fertilidade. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A Ammaia está de parabéns! E hoje lhe regressarei ... (actual. Março 2010)

















A Fundação Gulbenkian atribuiu o prémio «Vasco Vilalva - Para a recuperação e Valorização do Património" à Fundação Cidade de Ammaia.
Este prémio visa distinguir as instituições que se evidenciaram na Salvaguarda do Património, tendo considerado que o trabalho de investigação e de Apresentação ao Público desenvolvido nesta cidade romana - fundada no século I a.C. com ocupação até ao século VII - se bem que gradualmente abandonada a partir do século IV, deveria ser destacado.

Este núcleo urbano cujas estruturas arqueológicas melhor conhecidas são a sua Porta Sul, as termas e o podium de um templo, parece ter tido cerca de 20 hectares, defendendo os arqueólogos a existência de uma basílica, um teatro e de um anfiteatro.

Na mesma altura em que foi homenageado o trabalho aqui desenvolvido, foi apresentado o projecto «Radio-Past» -Radiografia da Cidade Romana de Ammaia», que pretende através de métodos e abordagens integradas e não destrutivas contribuir para "compreeender e valorizar sítios arqueológicos complexos".


Sobre este Sítio Arqueológico, poderá consultar:


http://www.portugalromano.com/20...


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Vale a pena, portanto, persistir!
Hoje o dia será dedicado a pensar no seu Museu.


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Se puder, aproveite bonita luz do Outono, vá até ao Alto Alentejo e quede-se por Marvão, porque vale mesmo a pena estar e conhecer.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Alentejanos no Facebook, uma nova etapa


Em tempos, havia desejado fazer um trabalho de fundo sobre o Alentejo através dos seus recursos, tendo como pano de fundo os QUATRO ELEMENTOS: TERRA, ÁGUA, FOGO E AR.
Partia do princípio que a todos eles correspondia um conjunto de recursos e de actividades em seu redor.
Acabados de tratar os concelhos do Alentejo na etapa que terminámos, venho assim propor uma nova abordagem temática.
A TERRA será a primeira a ser tratada, pois à volta dos recursos agrícolas, agro-pecuários e da pastorícia se fixaram as gentes, desde a Pré-História, no Alentejo.
A ÁGUA faz do Alentejo uma Mesopotâmia e foram os rios, as represas e barragens que permitiram alagar terras e fertilizá-las e ainda trocar produtos, pois muitos deles eram navegáveis e escoavam os produtos agrícolas e os minérios.
O FOGO permitiu manipular os minérios e produzir carvão. É o FOGO que permite que nos fornos do Alentejo se coza o pão e se faça o Borrego assado e tantos outros pitéus.
O AR, como essência etérea, é aqui o elemento que servirá de base para o tratamento do SAGRADO, pois também desde tempos imemoriais o Homem não só se fixou como se relacionou com o Divino de várias formas e de acordo com todas as culturas e povos que ocuparam este território.
Será também o elemento escolhido para representar a música.

Contudo, gostaria de ter da parte dos aderentes um comentário sobre a proposta de organização do nosso GRUPO, pois implicará de todos nós uma nova forma de partilhar a informação.
Paralelamente, tentaremos ir dando conta dos acontecimentos culturais que considerarmos relevantes.
Fica o repto e a enorme vontade de continuar.

Ao Luís Milhano agradeço ter-me convidado um dia para esta viagem e a confiança que em mim depositou!

Ao João Simas, colega e amigo de longa data, que, doravante, comigo o admnistrará o meu obrigada por ter aceite.

quinta-feira, 21 de março de 2013

E lá estava Évora no mesmo lugar (actualizado)


  • «Esta lenda passou-se no ano de 1166, no tempo em que Évora era ainda a Yeborath árabe, para grande desgosto de D. Afonso Henriques que a desejava como ponto estratégico da reconquista de Portugal aos Mouros. Geraldo Geraldes, um homem de origem nobre que vivia à margem da lei, era chefe de um bando de proscritos que habitavam num pequeno castelo nos arredores de Yeborath. Conhecido também pelo Sem Pavor, Geraldo Geraldes decidiu conquistar Évora para resgatar a sua honra e o perdão para os seus homens. Disfarçado de trovador rondou a cidade e traçou a sua estratégia de ataque à torre principal do castelo que era vigiada por um velho mouro e pela sua filha. Numa noite, o Sem Pavor subiu sozinho à torre e matou os dois mouros, apoderando-se em silêncio da chave das portas da cidade. Mobilizou os seus homens e atacou a cidade adormecida numa noite sem lua que, surpreendida, sucumbiu ao poder cristão. No dia seguinte, D. Afonso Henriques recebeu surpreendido a grande novidade e tão feliz ficou que devolveu a Geraldo Geraldes as chaves da cidade, bem como a espada que ganhara, nomeando-o alcaide perpétuo de Évora. Ainda hoje, a cidade ostenta no brasão do claustro da Sé, a figura heróica de Geraldo Geraldes e as duas cabeças dos mouros decepadas, para além de lhe dedicar a praça mais emblemática de Évora». (a partir da net)






Regressada a casa pensei:














Évora, efectivamente, é bela.
Como sempre reencontrei-a bela, mas quase intocável na sua beleza, tão e tanto, que lembra algumas mulheres lindíssimas que não se podem macular.

No subsolo de Évora pontua Roma e ainda há resíduos da altivez do seu império, que, ali, ao contrário de outros lugares, não parece ter encontrado o confronto de anteriores povoadores, ou pelo menos deles ainda não se reconhecem vestígios.

Na sua superfície ainda se sente também que ali esteve sediada a Inquisição e a realeza, com os conventos que sempre se implantaram em torno da côrte, enormes, impositivos e que relembram os alimentos reais: O Convento do Espinheiro, S. Bento de Castris e outros tantos mais.



E também aí vivem, infelizmente, alguns seres cuja arqueologia de um saber aparentemente global tornou distantes, frios e quase brutais: numa verdade "total"; numa palavra firme, de que, nos corredores do Palácio da Inquisição, ainda ressoa o eco.

Mas também sobrevive, em sossegada clausura, o silêncio de Cartuxos, reduto dos dias sem fim, sem palavra.
Nas hortas encontram o sossego que oferece a crença no Além.






Mas no meio de Évora, em pleno coração desta extraordinária cidade vivem também seres, a quem os céus bafejou com calor e sentimentos: esses, sim, é sempre muito bom reencontrar.



A eles, o meu até sempre. Até já!


Hoje pude ter em Évora, com imensa alegria, uma conversa já demasiado tempo adiada, matando saudades e sedimentando velhas e novas cumplicidades. Sei que um dia a poderei contar demoradamente!

O circuito que aqui vos proponho é relativamente pequeno.










Em primeiro lugar, visitar a Sé. Construída com a edificação da nacionalidade, com transformações um século depois, ao reinado de D. Afonso III, deve ter no seu subsolo uma Igreja Visigótica e uma Mesquita.
A edificação espelha o gosto da época, românica, como se fora uma fortaleza medieval, e também já gótica, pois a demora das obras a fizeram adaptar às novas linguagens arquitectónicas.




Zimbório da Sé de Évora


Proponho ainda que vão conhecer o Palácio de Vimioso, onde funciona o Departamento de História da Universidade de Évora, relembrar as fachadas da Casa do Inquisidor, do Palácio da Inquisição, ou visitar o Jardim das Casas Pintadas hoje aberto ao público integrado na Fundação Eugénio de Almeida, mas que datando do século XVI é um notável exemplo da pintura mural palaciana dessa centúria (http://dianafm.com e http://www.evora.ptee rever ainda aquele extraordinário Templo Romano dedicado ao culto imperial, que até como açougue foi utilizado e onde, em alguns silhares, se pode ver a marcação feita para a sua edificação, usando certamente um gromma como tão bem os latinos sabiam manipular, o Jardim de Diana, a Casa Cadaval – "com a Torre das Cinco Quintas, parte integrante do castelo medieval" -, a Igreja dos Lóios, a Biblioteca Pública, e a Torre de Sertório.
























Visitar ainda a Casa da Rua de Burgos, de onde algumas saudades guardo.

No interior da casa, pode ver-se desde vestígios da Época romana, a exemplo do troço da muralha tardo-romana e dos belíssimos frescos das casas que lhe estavam adossadas, e ainda vestígios de época medieval e moderna, sobre os quais se edificou o Palácio.






De outra viela traseira, na Travessa da Alcárcova de Cima, ainda melhor pode observar a Cerca Velha que Évora viu aparecer.



Mas ainda ali, marchando pela manhã, passos dados no sentido das "Casas Pintadas", veja os pátios de Évora que ecoam canções do Levante, quiçá a Sevilha do eterno cante.


E continue, vá caminhando até à Travessa do Sertório, onde a Renascença lhe vai falar ao virar da esquina.





































Se puder, vá também até ao edifício da Câmara Municipal de Évora e veja os belíssimos vestígios dos balneários romanos aí encontrados.

Olhe o templo imperial, com tempo, o tempo todo que puder. Imagine os espelhos de água que existiam em seu redor, o garante da Salus de quem zelava por Roma de todos os lugares e que o tempo não deixou  cair no esquecimento, porque dele fizeram tantas funções.

Ou entre no Museu de Évora e vá conhecê-lo, tão perto do templo e do Convento dos Lóios, também conhecido como Convento de São João Evangelista, que o século XVI viu edificar sobre o castelo que ali existira. Nesse conjunto com um claustro de dois pisos, marcado o inferior pelo gótico-manuelino e o superior anunciando a Renascença, residem hoje passageiros e passeantes que em Évora podem gozar da Pousada, passeando-se por entre paredes pintadas e revestimentos azulejares.
O Museu de Évora apresenta as suas coleções permanentes de Arqueologia, cujo núcleo original é constituído por um conjunto de “antiguidades” recolhidas no Sul do país por Frei Manuel do Cenáculo (1724-1814), nomeado Bispo de Beja em 1777 e indigitado Arcebispo de Évora em 1802, conhecido também como o "primeiro arqueólogo português". Em pleno Século XX, os materiais colecionados por Cenáculo foram incorporados no Museu de Évora, entretanto instalado no antigo Paço Episcopal, juntando-se então às recolhas locais de estatuária e lapidária devidas a estudiosos como André de Resende, Cunha Rivara, Filipe Simões ou Gabriel Pereira, hoje parcialmente expostas nas galerias do Claustro. A presente área expositiva - instalada em espaço subterrâneo ganho na recente remodelação, que completa a apresentação pública das coleções arqueológicas do Museu. Destacamos a presença nesta exposição de materiais resultantes das escavações dos anos 60 na Anta Grande do Zambujeiro (Évora) e no Castelo da Lousa (Mourão), ou dos anos 80 na Necrópole das Casas (Redondo), acabam por ser exceções valiosas, a que se soma a fantástica estátua romana em bronze, descoberta em São Manços nos anos 70 por trabalhadores agrícolas da Reforma Agrária. Foto: Estátua romana em Bronze de São Manços, com a representação do ideal de Efebo, muito provavelmente executada numa oficina especializada, talvez de Roma, e transportada para adornar a villa romana no alentejo. Altura: 70cm Datação: I d.C. - II d.C. - Época Romano. 

























































































Fotografia de Frei Manuel do Cenáculo, Biblioteca Pública de Évora.






















Esse Museu de Évora que formalmente se constituiu com a Primeira República, mas que teve a sua origem nas colecções que Frei Manuel do Cenáculo (1724-1814), nomeado bispo de Beja em 1777 e indigitado arcebispo de Évora, em 1802, reuniu na Biblioteca Pública de Évora. Parte das colecções foram trazidas de Beja, onde fora bispo. Já no século XX, esses materiais são incorporados no Museu de Évora, juntando-se aos materiais arqueológicos recolhidos por André de Resende, Cunha Rivara, Filipe Simões ou Gabriel Pereira. 
Actualmente esses materiais - estatuária e lapidária - podem ser vistos no na nova área expositiva, um espaço subterâneo obtido com a recente remodelação do Museu.
Podem também ver-se os materiais provenientes da Anta Grande do Zambujeiro (de escavações dos anos 60) e do Castelo da Lousa (Mourão), ou dos das escavações realizadas na Necrópole das casas (Redondo).
Exposta está também a célebre estátua de bronze de S. Manços, representando Efebo e datável dos séculos Id.C - II d.C.

Mas comece a visita ao Museu pela herança romana, entrando de costas para o templo imperial e forum , e, no interior do Museu, veja os vestígios dessa enorme praça pública romana e os restos de uma necrópole.

Olhe com atenção os vidros; as esculturas e os fragmentos escultóricos e a célebre e belíssima escultura da «bacante».


Perca-se por aí na primeira visita ... que o restante para a próxima ficará, mas não saia sem ver in situ os vestígios que nos falam do grande Forum romano.
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Para almoçar, se não puder ir ao Colégio do Espírito Santo, vá tomar a refeição à Fundação Eugénio de Almeida, onde há sempre alguma boa exposição para ver.


















Relembre-se também que a Universidade de Évora, fundada em 1559 pelo Cardeal D. Henrique, futuro Rei de Portugal, a partir do Colégio do Espírito Santo, foi criada por bula do Papa Paulo IV, como Universidade do Espírito Santo e entregue à Companhia de Jesus, que a dirigiu durante dois séculos, sendo a Igreja do Espírito Santo a Matriz de muitas das Igrejas que os Jesuítas construíram pelo mundo.
Em 1759 foi encerrada por ordem do Marquês do Pombal, aquando da expulsão dos Jesuítas.


Após a criação, em 1973, do Instituto Universitário de Évora que aí se instalou, deu origem depois da sua extinção, em 1979, à nova Universidade de Évora.

Em 1759 foi encerrada por ordem do Marquês do Pombal, aquando da expulsão dos Jesuítas.

Após a criação, em 1973, do Instituto Universitário de Évora que aí se instalou, deu origem depois da sua extinção, em 1979, à nova Universidade de Évora.


Depois, nunca esqueça de ir à  antiga Praça Grande, hoje a Praça do Giraldo, fazendo juz ao "Sem Pavor" que dali expulsou a moirama, e debaixo da arcaria fresca ver as pessoas passar. Essa Praça do Giraldo onde há uma das mais belas fontes de Portugal e, debaixo da arcaria fresca, veja simplesmente as pessoas passar ou então sinta os rostos contristados dos seus habitantes, quando, quase à esquina com a 5 de Outubro, vêem o nome dos seus mortos anunciar.

Perca-se, por aqui e ali, ao dobrar de cada esquina, porque Évora também o vai gostar de ver!



































Lá fora, extra-muros, fazendo como que a ponte com a cidade "nova", sepenteia-se também imponente o aqueduto da Água de Prata, construído entre 1531 e 1537 pelo arquitecto Francisco de Arruda, mas a que alguns autores reconhecem fundação romana.


Para lá da Cerca, visite os Conventos que se instalaram em Évora, quer a Cartuxa, onde ainda hoje impera o silêncio, quer os que o Tempo transformou em lugares de lazer e de estar, como é o caso do Convento hieronimita de Santa Maria do Espinheiro, datado do século XV, e que, ao que diz a lenda deve a sua localização e nome à aparição da Virgem Maria sobre um espinheiro, por volta do ano 1400.
Também ali, em 1520, se ergueu a capela tumular de Garcia de Resende em terrenos pertencentes ao mosteiro.
Mas poderá ainda ver a grandeza de S. Bento de Cástris que se espera, a curto prazo, venha a ser transformado em lugar de cultura e de música pairando no ar.

Veja Évora, é Bela, de uma beleza quase brutal.
























































































(Imagem da Capela de André de Resende obtida no site do IPPAR/IGESPAR)













































Se puder, vá ainda visitar o Convento de Bom Jesus de Valverde, cuja quinta ainda nos remete à meditação de frades Capuchos e que hoje é um pólo da Universidade de Évora
Relembrar os seus sistemas hidraúlicos, muros, capelas e a bela Igreja do convento, cuja origem remonta à construção do mesmo, mandado edificar pelo Cardeal D. Henrique.
















 

Recomendo que de Évora traga, se ainda não os tem, quatro belos livros de companhia: Das Cercas dos Conventos Capuchos, de António Manuel Xavier e Tectos Barrocos em Évora de Magno Moraes Mello, editados pelo Centro de História de Arte da Universidade de Évora e também «Objectos Melancólicos. Évora» de Carmen Almeida, não esquecendo essa obra-prima «Évora, Património da Humanidade», com fotografias de Eduardo Gageiro e texto de José Saramago.









Para mais informação geral sobre Évora, recomendo a consulta de : www2.cm-evora.pt www.ippar.pt www.cultura-alentejo.pt



Fotografia de Luís Brás



Museu de Évora: 266 702 604

Templo de Évora:

Cronologia - A partir de:


Séc. 1 - edificação durante a época de Augusto (HAUSCHILD: 1988); Séc. 2 / Séc. 3 - edificação, segundo a cronologia tradicionalmente aceite, empreendida no quadro de uma campanha radical de redefinição urbana da cidade, quando o culto e o estatuto imperial lhe imposeram a distinção do espaço da cidadela, que um pesado muro granítico passa a cingir (070513040); Séc. 5 - destruído durante as invasões bárbaras; Séc. 14 - teria servido de casa-forte ao castelo da vila; Fernão Lopes refere-o como açougue; 1467 - carta de D. Afonso V autorizando Sueiro Mendes a retirar pedras dos açougues; Séc. 16 - representado no Foral manuelino de Évora; difunde-se antiga tradição que atribui a fundação do templo a Sertório (paladinos da fundação sertoriana André de Resende e Mendes de Vasconcelos); Séc. 17 - o Padre Manuel Fialho cria a lenda do Templo de Diana; 1789 - James Murphy concebe reconstituição iconográfica do templo; Séc. 19 - mantem ainda os merlões piramidais de tradição mudéjar - manuelina e as empenas cegas de onde apenas despontava a colunata; 1836 - deixa de funcionar como açougue; 1840 - Cunha Rivara, na qualidade de Director da Biblioteca Pública de Évora obtem a cedência dos edifícios da Inquisição, em tempos anexos à fachada N. do Templo e aos quais este se unia por passadiço, e que serão então demolidos desafrontando o monumento; inicia-se então aquela que será a primeira grande escavação arqueológica em Portugal, tendo-se descoberto os tanques dum primitivo aqueduto; 1863 - o tecto abate parcialmente e o edifício ameaça ruína; já destruídos em parte os tanques durante os trabalhos de embelezamento do largo; 1869 - Filipe Simões propõe a demolição urgente das estruturas medievais defendendo o repor da feição primitiva do templo; 1871 - a direcção da obra de restauração é entregue a José Cinatti que faz demolir os vestígios medievais preconizados por Filipe Simões e executa um programa de restauro integral idealista e romântico do templo; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2011, 13 de Setembro - publicado no DR, nº 176, 2ª Série, Declaração de rectificação de anúncio n.º 281/2011, alterando o prazo para apresentação de propostas relativo ao concurso público Empreitada de Intervenção no Espaço Público da Acrópole de Évora e Área Envolvente - Acrópole XXI.